sábado, dezembro 06, 2008

o meu avô

1 corpo desabitado:
1 cabeça suspensa e mergulhada num poço fundo, escuro e sem eco;
1 olhar por resgatar e a derramar em lágrimas tudo o que já não consegue dizer;
1 mão trémula como os últimos suspiros do vento;
1 mão definhada como todos os dias esquecidos;
2 pernas sem regresso.
o meu avô já não existe. apenas existo eu. falta dizê-lo em voz alta. para que os fantasmas percebam. o meu avô já não existe. mas também eu deixarei de existir. porque só podemos ser inteiros. e não há memória que chegue para preencher os sulcos do sangue na alma.

Sem comentários: