Olham-me sempre com esgar quando digo que gosto de hip-hop. Eu aceito e dou-lhes o gozo de verem a sua intelectualidade numa voluptuosa consolação inteira perante a minha indigência. Assim como assim, sei morrer vivo e eles desconhecem a nossa insaciável sede. Ich hab millionen legionen hinter mir.
A letra é muito grande e seria impensável colocá-la toda aqui. Assim, vou só partilhar uma parte da mesma, com destaques da minha autoria. Traduzida pela mão da minha inspiração fugidia. :-)
(...)
Longe de mim querer comparar letras como esta a poemas. Mas verdade é que este tipo de escrita se encontra num patamar intermédio entre a comunicação diária e a linguagem poética. Gosto desta canção como um todo. A melodia agrada-me com o seu cintilante arabesco. A letra intriga-me. Posso estar a ver fantasmas, mas a mensagem da mesma mostra-nos como o amor aparece enquanto lugar da unidade humana reencontrada, no interior e no regresso a nós próprios «como filhos desta terra» que começam a cavar a respectiva «vala». A esta confiança ontológica, segue-se um olhar deposto sobre o resto. Isto é, o amor representa ao mesmo tempo espaço dos «falsos profetas» o que o torna como a mais frágil das moradas. Essa unidade, assim, é uma ausência que o amor mascara, através de um apelo - «eu chamo todos os super-heróis» - a todos os nomes (ir)reais do homem. Eu admito que possa estar inebriado, mas esta letra é absolutamente brilhante e, a última parte destacada, mostra-nos o amor em altiva postura, aquela que Hoderlin definiu como o que «os poetas fundam». Quer isto dizer que é ao mesmo tempo excessivo - na fúria das «ondas» e no «interior dos versos» - e insuficiente, enquanto ausência temporal, face à perenidade da «rapidez da vida».
(...)
eu estou aqui para ti, não, eu estou aqui por ti
e para ambos é claro, temos um objectivo comum nos nossos olhosdepois coloco tudo em ti
o meu suor, o meu sangue
as minhas lágrimas, a minha coragem
até à tristeza e à raiva
eu vou dar-te a minha vida porque não pode ser de outra forma
exige de ti
o meu compromisso mantém-se
e encontras em mim aquilo com que me liguei
é um tesouro, que procurei durante toda a minha vida
com cada frase te peço, usa-me, protege-te em mim
com o conhecimento de todos os sábios deste mundo protejo-te a tio meu suor, o meu sangue
as minhas lágrimas, a minha coragem
até à tristeza e à raiva
eu vou dar-te a minha vida porque não pode ser de outra forma
exige de ti
o meu compromisso mantém-se
e encontras em mim aquilo com que me liguei
é um tesouro, que procurei durante toda a minha vida
com cada frase te peço, usa-me, protege-te em mim
onde eu estiver, eles estão, e onde eu for, eles vão
eu pedi-lhes, mas apenas alguns vêem e por isso
nós vamos acordar sob falsos profetas
e como filhos desta terra começaremos a nossa vala
eu chamo todos os super-heróis, todos os grandes mestres
todos os highlanders, todos os guerreiros
todos os espíritos bons
todos os superfreaks e escolhidos
para mim até aqui
eu tenho milhões de legiões atrás de mim
nas vagas do mundo
elegemos as mais selvagens das ondas
até ao mais interior dos versos
tornados vivos na rapidez da vida
(...)eu pedi-lhes, mas apenas alguns vêem e por isso
nós vamos acordar sob falsos profetas
e como filhos desta terra começaremos a nossa vala
eu chamo todos os super-heróis, todos os grandes mestres
todos os highlanders, todos os guerreiros
todos os espíritos bons
todos os superfreaks e escolhidos
para mim até aqui
eu tenho milhões de legiões atrás de mim
nas vagas do mundo
elegemos as mais selvagens das ondas
até ao mais interior dos versos
tornados vivos na rapidez da vida
Longe de mim querer comparar letras como esta a poemas. Mas verdade é que este tipo de escrita se encontra num patamar intermédio entre a comunicação diária e a linguagem poética. Gosto desta canção como um todo. A melodia agrada-me com o seu cintilante arabesco. A letra intriga-me. Posso estar a ver fantasmas, mas a mensagem da mesma mostra-nos como o amor aparece enquanto lugar da unidade humana reencontrada, no interior e no regresso a nós próprios «como filhos desta terra» que começam a cavar a respectiva «vala». A esta confiança ontológica, segue-se um olhar deposto sobre o resto. Isto é, o amor representa ao mesmo tempo espaço dos «falsos profetas» o que o torna como a mais frágil das moradas. Essa unidade, assim, é uma ausência que o amor mascara, através de um apelo - «eu chamo todos os super-heróis» - a todos os nomes (ir)reais do homem. Eu admito que possa estar inebriado, mas esta letra é absolutamente brilhante e, a última parte destacada, mostra-nos o amor em altiva postura, aquela que Hoderlin definiu como o que «os poetas fundam». Quer isto dizer que é ao mesmo tempo excessivo - na fúria das «ondas» e no «interior dos versos» - e insuficiente, enquanto ausência temporal, face à perenidade da «rapidez da vida».
1 comentário:
só agora e aqui no teu blog ouvi a música até ao fim. muito boa. como já tinha dito, a tua cara. da tua: inspiração fugidia... ;)
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