Confesso que esta música me intriga. Já dizia Camões qualquer coisa como o tempo faz enganos à esperança. É bem verdade. Talvez por isso me afirme alguém de convicções. Retirem da cabeça os cenários políticos. Falo de convicções ontológicas, se assim quiserem. Alguém que vive por convicções, fá-lo essencialmente por ter bem presentes as agudas memórias de vários perderes. Será então convicto aquele que já se desiludiu. E que conhece na desolação a sua plataforma de acesso a uma verdade que ele (eu) sabe que não existe, mas pela qual se obriga a lutar em constante margem de erro. E é neste círculo viciado que desenho o eterno regresso ao fracasso. É nesse momento que percebo o que amar é: um perpétuo consentir. Uma demorada espera. O tempo algures em que o (re)aparecimento de todas impossibilidades nos imobiliza. Ou nos regenera a convicção de que apenas ainda não foi desta.
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