terça-feira, outubro 14, 2008

o pó que se muda

Viver na espera
recolhido
no próprio corpo montando a vida nas folhas
dos livros
passadas sobre os dedos por onde avança um sangue encerrado de solidão
que o tempo cobre
com o seco rumor da memória de tudo perder.
O momento certo nunca nos procura
é sempre noite segura a avançar
pelo tempo que fica e nos acolhe
na dor de que se vive
da cansada claridade de ter
esperança
e alterar o segredo do mundo. Nesse
fogo endurecido
apareces de funda espessura em
delicada contraluz de cinza espalhada
sobre a sépia do meu coração humedecido
pelo vento que monta as praias com
os rumores
de saber a fundura do futuro.

2 comentários:

Sónia Balacó disse...

Isto é muito bonito. E isto: "sobre a sépia do meu coração humedecido".

A.S. disse...

e eu gosto que gostes