segunda-feira, setembro 01, 2008

o poema dela

No peso triste da tua boca
seguras a imagem casta de uma morte silenciosa. Nas
paredes do teu corpo há água e nela flores a banharem
a lucidez mordida da dor maior de teres o meu corpo
a arder em ti. Sou eu a subir-te nos dedos com que te tocas
-no instinto felino da noite- dentro do musgo em gritos
de mares famintos de pão e dos sussurros das aves
que urzem no vento. Sou eu nas tuas mãos quando mordes
os lábios humedecidos pelo lento prazer da tua nudez
rígida sob as tuas mãos de cheiro a terra. Sou eu nos flancos
dos teus gemidos quando pedes a deus a flecha no teu ventre
e a longa espada na serenidade aquática das carnes loucas
na procura da minha sombra no teu cansaço incendiado.
E não dormes.
Remexes o sal do fogo extinto, procuras nos teus olhos a destruição
que ofereceste ao teu corpo enquanto te fechas na profundidade
dos mistérios dos fundos mais fundos do mar original e adormeces
na memória a certeza do silêncio criador: em ti principia o mundo
que circulará de sopro em sopro.

2 comentários:

Anónimo disse...

cada vez se percebe menos o que queres dizer. acho eu claro.

MA

A.S. disse...

ainda bem... imagina os trabalhos em que me meteria :-)