segunda-feira, setembro 01, 2008

A ti descerro as minhas mãos

Nos olhos novos fechei a resina da tua sombra
como quem guarda no céu o doce sabor da morte
e dos espasmos do teu sorriso imenso. Foi
com essa luz inocente que me empurrei para dentro
do sono enquanto te murmurava*
os recentes desenhos do coração sobre a tua boca. Lá
(corres na espuma dos crepúsculos
respirando contra o ar toda a tua vida inteira e
todo o delicado acre das montanhas)
eu morrerei no agonizante desejo do teu corpo.

*a tua mão cabe dentro da minha
sem o bárbaro fulgor das águas turvas
que rasgaram o meu rosto no dias da lucidez
metálica perdido nos sorrisos efémeros dos ácidos.
É na curva dos teus cabelos
que entonteço com as estrelas lúbricas
até que apagues com todo o amor dos teus lábios
o incêndio diurno impregnado na distância amarga da minha voz.

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