Estar agora pronto para os dias.
Deixei para trás o tempo inútil de espera. A espera que vivia dentro de mim nos cantos dos amores impossíveis. O tempo inútil de saber o frio dos teus olhos a ser uma pele impossível a crescer no meu silêncio. Estive quase sempre ausente de tudo. Dos dias, de ti, de mim, dos rostos encostados ao meu peito. Foi na clara memória do olhar que pintei a infelicidade toda do lume daqueles dias. Vivi muito tempo assim. De riqueza e alegria imaginadas na explosão dos corpos envelhecidos nas cartas indecifráveis que se esgotaram na espera das metáforas. Vulto fixo, cidade insone, demência na sensatez e nos gestos gastos de cansaço ácido do suave e infinito flutuar das drogas. Queimar nos escuros recantos dos alicerces das bocas o sal das constelações que só sabíamos conhecer quando voltávamos ao nada inicial. Fechar o corpo e viver sozinho no desaguar das palavras que me levam a ti. Vagarosamente pousar o corpo na máscara que me sulca o ar. Olhar-te, ver a tua sombra, lenta, fugitiva como criança alegre na claridade profunda das águas donde irrompes com os teus cabelos de mel como língua que cintila na melancolia da areia desenhada no rastro dos ossos presos aos lugares distantes para onde me levas.
Florbela já escrevera que a vida tem a incoerência de um sonho.
*Daqui.
Deixei para trás o tempo inútil de espera. A espera que vivia dentro de mim nos cantos dos amores impossíveis. O tempo inútil de saber o frio dos teus olhos a ser uma pele impossível a crescer no meu silêncio. Estive quase sempre ausente de tudo. Dos dias, de ti, de mim, dos rostos encostados ao meu peito. Foi na clara memória do olhar que pintei a infelicidade toda do lume daqueles dias. Vivi muito tempo assim. De riqueza e alegria imaginadas na explosão dos corpos envelhecidos nas cartas indecifráveis que se esgotaram na espera das metáforas. Vulto fixo, cidade insone, demência na sensatez e nos gestos gastos de cansaço ácido do suave e infinito flutuar das drogas. Queimar nos escuros recantos dos alicerces das bocas o sal das constelações que só sabíamos conhecer quando voltávamos ao nada inicial. Fechar o corpo e viver sozinho no desaguar das palavras que me levam a ti. Vagarosamente pousar o corpo na máscara que me sulca o ar. Olhar-te, ver a tua sombra, lenta, fugitiva como criança alegre na claridade profunda das águas donde irrompes com os teus cabelos de mel como língua que cintila na melancolia da areia desenhada no rastro dos ossos presos aos lugares distantes para onde me levas.
Florbela já escrevera que a vida tem a incoerência de um sonho.
*Daqui.
1 comentário:
"Fechar o corpo e viver sozinho no desaguar das palavras que me levam a ti."
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