segunda-feira, junho 30, 2008

Carnalidade

«Não te peço fidelidade, mas desejo
Deixa as magnólias no banco do jardim, os costumes brandos
As ciências botânicas, astronomia de ponteiro ou dedo em riste
Daedalus, Cassiopeiae, Chi Cygni
Bocejos
Destrói o romantismo, o humor pardacento e mole de enamorado
O humedecer das mãos juntas na escuta do evangelho
Das escrituras, só se herda fantasmas e cegueira
Dos poetas, só ambiciono o pó dos livros
Uma frase de circunstância
E que não incomodem


Não te peço respeito, mas volúpia
Carne quente, um arfar prudente, dominante
Dois goles de vinho branco intermitentes
Outro na tua boca. Antes, depois, durante.
E no final, um despedir superficial, pedante»



Filipa Martins, Prémio Revelação da Associação Portuguesa de Escritores.

2 comentários:

Anónimo disse...

tu escreves melhor!

A.S. disse...

como dizia um antigo colega de trabalho "boa sorte...!"