quarta-feira, abril 30, 2008

Não sei para onde foste morrer

Tento demolir a memória
da cor luminosa dos sonhos e dos dias
em que virámos os nossos corpos do avesso
nas lutas de carne e nos papéis escritos no reflexo dos nossos espelhos.
Recomeçar nos recantos onde espera o vazio nítido
dum corpo cujo espólio reconheço nos relâmpagos das palavras
que já não te farão regressar às imagens coladas nas paredes das raízes da minha vida.
Se aqui voltasses verias que ainda penso tanto em ti
e como toco a extremidade do meu corpo exíguo
nesta confusão calada e sozinha em que deixaste o nosso amor.
Tudo é lento, embriagado
e exausto como a mais obscura parte do mundo
que me atirou o corpo para bem longe do mais bonito sonho que já vivi.
Já não regresso a ti nem ao teu coração em desordem
nem serei mais acordado pela respiração do teu corpo
onde dormitavam cintilações de aço que me davam de beber aos sentidos.
Na leitura dos meus dias
já não existe o teu coração feliz à esquina dos sonhos;
Na leitura dos meus dias
restam-me os destroços de mim na minha solidão.

2 comentários:

Red disse...

um grande grande post. gostei :)

Anónimo disse...

é bom ter-te de volta gay.
bosnia