Na semana passada, fui a um casamento lá para os lados da terra de Pascoaes. Correu tudo bem, muito obrigado. Mas o melhor, o melhor mesmo, foi o facto de os noivos terem chegado ao som desta música.
Gosto muito da música. Fiquei surpreendido quando a ouvi no casamento, confesso. Não percebo puto do que eles dizem, mas gosto da música. Passei a gostar ainda mais depois de ver o videoclip. Associo muito a história do videoclip ao estado para o qual o meu avô caminha.
Next. S.B., a minha opinião vai, como sabes, de encontro à tua. Contudo, nesta matéria, deixo a minha costela rimbaudiana de lado, e dou lugar ao menino manso que sempre fui. Passo a explicar. Casaria, mesmo não vendo ponta de necessidade ou interesse, de bom grado, de fraque e cartola até :-). Bastava uma pequena coisa: que a minha mãe me pedisse. Nunca consegui ser desertor face ao seu apelo. Há algo que não sei definir e que provavelmente não se pode encontrar e que por isso mesmo se torna magnético, eterno e subversivo em relação à minha mãe. Há pessoas a quem cedo tudo. Há pessoas a quem devo tudo e a quem "obedecerei" sempre. Bem, o plural aqui é mentiroso e desnecessário. Não é por isso que deixarei de ser meio-mendigo, meio-beatnik ou que vou perder a crença na insolência enquanto ilusão que nos fala sempre verdade. Acreditando eu que o amor e arte são um só, só acredito na vida amorosa concebida enquanto uma obra de arte. Não ao jeito do Dandy, tenho a boa-educação de um pequeno burguês que só os brutos e rudes sabem mostrar, mas como aliciação pessoal na dura realidade e na procura da vertigem.
Meu amigo anónimo, uma viagem como o casamento procede de uma busca que resulta mais de uma estética do que de uma moral. Concordas?
Por fim, só casa quem quer, às vezes :-) Nas novelas brasileiras, não é bem assim, por exemplo. :-) E em algumas culturas também não, mas isso já era uma conversa séria e eu não a sei ter. :-)
Parece que não me consegui fazer perceber e, apesar de ser avessa a dissecações inúteis que só corrompem o momento e o sentimento que nele cabe, vejo-me obrigada a explicar-me, provavelmente porque não sei ainda lidar com o deixar o que escrevo ao sabor do que os outros lá lêem. O meu comentário é paradoxal porque resume em duas linhas coisas opostas que convivem de forma pouco pacífica em mim. Por um lado, a descrença na instituição casamento (e até na instituição namoro e na instituição relação da forma como a vejo acontecer (e fiz acontecer também)), que tive necessidade de vomitar logo ali e daquela forma. Por outro, uma lucidez supra insolência e até um pouco crente em algo que só sei intermitentemente: o verdadeiro amor, quando acontece, está completamente alheado e pouco interessado no que é o bom ou o mau gosto. Logo, apesar da veemência de um primeiro comentário, há em mim a crença e/ou a capacidade de ver que o amor se desculpa a si mesmo e pode, por isso, ser a coisa mais pirosa e de mais mau gosto. E isso é bonito. E isso desculpa até um acto como o casamento.
9 comentários:
O mesmo não se pode dizer do facto de se casarem... (Como se o amor verdadeiro tivesse em conta coisas como o (bom) gosto.)
O paradoxo. Sim.
que puta de observação. kal é o prob das pessoas casarem-se? isso e o que? inveja?
fodasse um gajo le cada coisa
ressabiadinhos do caralho!!! e o que é.
LOL (bem estes comentários anteriores spoilled a bit o meu...)
Lindo! Uma questão de bom gosto :)
E todos sabemos que só casa quem quer ...
Olá, olá. Vamos por partes, shall we?
Gosto muito da música. Fiquei surpreendido quando a ouvi no casamento, confesso. Não percebo puto do que eles dizem, mas gosto da música. Passei a gostar ainda mais depois de ver o videoclip. Associo muito a história do videoclip ao estado para o qual o meu avô caminha.
Next. S.B., a minha opinião vai, como sabes, de encontro à tua. Contudo, nesta matéria, deixo a minha costela rimbaudiana de lado, e dou lugar ao menino manso que sempre fui. Passo a explicar. Casaria, mesmo não vendo ponta de necessidade ou interesse, de bom grado, de fraque e cartola até :-). Bastava uma pequena coisa: que a minha mãe me pedisse. Nunca consegui ser desertor face ao seu apelo. Há algo que não sei definir e que provavelmente não se pode encontrar e que por isso mesmo se torna magnético, eterno e subversivo em relação à minha mãe. Há pessoas a quem cedo tudo. Há pessoas a quem devo tudo e a quem "obedecerei" sempre. Bem, o plural aqui é mentiroso e desnecessário. Não é por isso que deixarei de ser meio-mendigo, meio-beatnik ou que vou perder a crença na insolência enquanto ilusão que nos fala sempre verdade. Acreditando eu que o amor e arte são um só, só acredito na vida amorosa concebida enquanto uma obra de arte. Não ao jeito do Dandy, tenho a boa-educação de um pequeno burguês que só os brutos e rudes sabem mostrar, mas como aliciação pessoal na dura realidade e na procura da vertigem.
Meu amigo anónimo, uma viagem como o casamento procede de uma busca que resulta mais de uma estética do que de uma moral. Concordas?
Por fim, só casa quem quer, às vezes :-) Nas novelas brasileiras, não é bem assim, por exemplo. :-) E em algumas culturas também não, mas isso já era uma conversa séria e eu não a sei ter. :-)
Pronto. Até à próxima.
Parece que não me consegui fazer perceber e, apesar de ser avessa a dissecações inúteis que só corrompem o momento e o sentimento que nele cabe, vejo-me obrigada a explicar-me, provavelmente porque não sei ainda lidar com o deixar o que escrevo ao sabor do que os outros lá lêem.
O meu comentário é paradoxal porque resume em duas linhas coisas opostas que convivem de forma pouco pacífica em mim.
Por um lado, a descrença na instituição casamento (e até na instituição namoro e na instituição relação da forma como a vejo acontecer (e fiz acontecer também)), que tive necessidade de vomitar logo ali e daquela forma.
Por outro, uma lucidez supra insolência e até um pouco crente em algo que só sei intermitentemente: o verdadeiro amor, quando acontece, está completamente alheado e pouco interessado no que é o bom ou o mau gosto.
Logo, apesar da veemência de um primeiro comentário, há em mim a crença e/ou a capacidade de ver que o amor se desculpa a si mesmo e pode, por isso, ser a coisa mais pirosa e de mais mau gosto. E isso é bonito. E isso desculpa até um acto como o casamento.
E, mais uma vez, o paradoxo. Sim.
Vou desculpar o facto de só passados 6 dias te ter dignado a passar por cá...
Uma vez mais, concordo contigo. É exactamente isso que queria dizer, e que relendo o que escrevi, vejo que não consegui.
"o verdadeiro amor, quando acontece, está completamente alheado e pouco interessado no que é o bom ou o mau gosto."
S.B., encore s'il vous plait.
Não é verdade que só agora tenha voltado à cena do crime. A questão é que só agora consegui ter as mãos perto da boca o suficiente para responder.
=)
Desculpa a insitência mas achei isto e pareceu-me propositado:
http://www.youtube.com/watch?v=wX3Ml90CQyI
Até ele...
não conhecia esta leitura "mais ou menos cantada" do poema.
maria bethania... gosto! pessoa, também!
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