quinta-feira, março 19, 2009

ser sulco

queimados pelas palavras
desenhámos na névoa dos vidros
os pássaros que amanheciam. enquanto ardíamos
morríamos enlaçados na superfície dos nossos sonhos
como pedra fechada pelo lado de dentro. e morríamos
em cada beijo. morríamos na urgência
de não podermos descansar no peito dos astros que repousavam
no sono daquela cidade solitária que nos dizia: conheço o lado por onde nos visita a morte.
e ali fechados, um no outro, morríamos ao voltarmos
para o chão como lâmina a lavrar a terra.

3 comentários:

Anónimo disse...

espanto

ana salomé disse...

esta tua série de poemas está espantosa, sim. é essa a palavra: espanto. *

A.S. disse...

:-) gracias!