quinta-feira, março 19, 2009

a poetisa

ela alimenta-se
da saudade do mundo que corre
nas veias dentro da carne e
bebe do chão os passos do silêncio de todas as coisas destruídas.
a poetisa dança nas fendas,
pedra aberta, chaga onde caminha a luz do sol.
doem-lhe as árvores nos olhos
o interior da morte nos ossos
as portas fechadas nos dedos.
a poetisa pinta de nomes os perigos
como crianças incendiadas de sono
nos lugares mal medidos pelos círculos de água.
a poetisa sorri
sem trabalhoso labor caminha livre
em mortes repetidas de viagens fundas
em coisas de poesia.

1 comentário:

ana salomé disse...

tão bonito.