quarta-feira, outubro 29, 2008

o que te sustém, então?

o veneno
das grandes descobertas
fere as veias de quem bate à porta da vida
ali o tempo é luz na memória
é imagem corroída e um rosto desfocado
longe
a dobrar as esquinas dos anos a perder
no desejo incerto de tudo saber
o chão onde abraçamos as ruínas
duras dos nossos braços juntos.
em susto de criança
a solidão chama-te insistentemente
para a máxima visão
da precária vida do lume.
Como é pura, dirias ao ver a manhã
crescer sobre as tuas pernas.

num mundo concreto
as lágrimas são verdadeiras delicadas
e cantam a alegria
de saber consumir devagar
o apagar de todas as luzes das luas.

tu saberás o que eu agora escrevendo também sei. Lá
a atenta suspeita deste ardor
ganhará os contornos de uma voz rodeada de todo o silêncio central:
o amor.

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