Daqui surge inesperado desafio. Solicitação, politiqueiramente falando. Por entre outros afazeres menos aprazíveis, encontro agora espaço para regressar sem rouquidão afectiva a alguns dos momentos mais vivos na minha memória. Na vida real, quebrar sequências é arte que pratico com vil engenho e insondável sentido de humor. Eu pelo menos assim o entendo. Outros não. Seguramente. Por cá, nesta espécie de espelho internáutico, evito enfrentar grandes epopeias. Não por preguiça. Mais por instintiva higiene anti-relacional. Ainda assim, cada vez mais cedo que vale a pena sucumbir ao deslumbramento da blogoesfera. Uma espécie de ginásio da alma onde pouco interessa a fisionomia boçal dos sorrisos na cara. E, isso, agrada-me.
House of Pain - Jump Around
Numa altura em que gostar de música era ouvir a primeira diarreia do Abrunhosa, ou as vozes distorcidas dos Take-That, a minha deslumbrada aptidão para gostar de utopias e pouco prezar a ascensão social no espaços recreativos dos intervalos das aulas levava-me a já alimentar um fascínio pelos pulas do hip-hop americano. E aquela camisola do Celtics. Claro!
Jeff Buckley - So Real
Jeff Buckley - So Real | ||
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O que escrevo é a sentir tudo isto. O que se ouve nesta música. Por si só seria suficiente. Porque sempre vivi a confundir-me com os sonhos onde poderia imitar os rostos desfocados que sempre me ocuparam. Recordo-me também de um maior instante de lucidez a revelar-se nos lábios de alguém a quem entreguei a dor sussurrada de passar a conhecer o deambular trémulo de um virgem. E foi assim, a pouco e pouco, mordendo a minha imobilidade que me foram apresentados os reparos menos românticos do coração.
The Gossip- Your Mangled Heart
Há momentos em nada precisa de densidade filosófica. Se assim quisermos. E porque simplesmente podemos virar costas ao nosso dia-a-dia. Não possuir mais nada. Não ir à aulas. Faltar aos exames. Lançar grossa preocupação nos dedicados professores e interminável manto negro na encruzilhada que fiz a minha mãe sentir. Desafiar o prematuro agrilhoar do destino às ofegantes rédeas de uma existência arrefecida que insiste em isolar-me do que realmente procuro.
The Beatles
Por mil e uma razões. Pelas viagens no Renault5. Por mim. Pela música. Por eles próprios que são esperança de que o meu erro foi ter nascido tarde. Ou fora de tempo. Qualquer música deles ficaria bem por cá. Mas também porque deixei vários laivos de saliva em envelopes. Várias cartas amarelecidas no esquecimento.
Johnny Cash - Hurt
Sempre lancei suspeição sobre tudo o que está (ou é) demasiado limpo ou funcional. Tenho duas cicatrizes no corpo que são prova real disso mesmo.
Mamonas Assassinas - Mundo Animal
Há uma costela que guardo no fundo de mim que me impede de ser fervoroso adepto de bancada do filósofo da moda no mundo do caviar desfraldado: Nietzsche. Contudo, acreditar que nós próprios devemos assumir os nosso valores e leis e não esperar uma qualquer interpretação de irreparável precisão é algo de que me orgulho de ostentar, qual medalha de mérito. Por isso, mantenho uma ofegante curiosidade de criança. Que gosta de ver o mundo pintado, por detrás dos cinzentos lamentos.
John Lee Hooker - Chill Out
Poderiam ser outros. Coltrane. Miles. Hancock. Carter. Nina. Ella. Jarrett. Para aqueles que idolatram o possível dom da vida eterna, apenas vos digo que herdar estas músicas é o mais perto que estarão da suprema sublimação auditiva. Já é um princípio.
E, prontoS, está tudo dito! O desafio maior é o que se segue. 7 pessoas, 7!, a quem passar esta pérola. Se tiver em conta o sitemeter, isto representa 33,3% das minha visitas diárias. Se tiver em conta que passo por cá 2-3 vezes dia, é, como diria Guterres, fazer as contas. Apelo, portanto, caros visitantes, ao vosso empreendedorismo e abnegação. E os que acredito que não ficarão indiferentes são, sob o risco de incorrerem em gravíssimas faltas cujas reprimendas podem valer hercúleas sanções: j.a.; Nelumbo nucifera; S.B., Cromossoma X; Andreia O. e os Mestres Moé Lá e Chou Riçá, respectivamente.
5 comentários:
esses dois mestres que se dediquem às moelas e aos panados do zé da adega...malandros ...
espero em breve poder responder ao desafio, caríssimo (é preciso dar um ar de ocupado apenas para aliviar a pressão)
Chou Riçá
Aceito o desafio, mas não prometo responder em pouco tempo, uma vez que estou a realizar tarefas, que em si representam coisas, ao nível da realização de objectivos.
Vou ver se penso nisso no fim-de-semana. Ou agora, também dá...
Olá venho cá muitas vezes mas nunca digo nada...
em termos de higiéne parece-me bem dizer olá, pelo menos.
o tempo, o tempo.
Bom fim-de-semana
Stella
ok, obrigado a todos.
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