Escreve-vos alguém incapaz de decifrar extractos bancários. Hoje, liga-me a minha mãe, na sua benevolente compaixão, e calmamente pergunta-me há quanto tempo não actualizas a caderneta da CGD. Eu, quase sempre sofredor por antecipação, encolho os ombros e respondo despreocupado que não me lembro. Recorrendo ao português, deu-me forte na cabeça. Parece que um senhor do banco ligou à minha mãe a fazer queixinhas sobre a minha conta. Há um hífen antes dos números da minha conta, dizem. São faladores, então. A minha mãe riu-se. Quod antea fuit impetus, nunc ratio est*, diziam os antigos, relembrou-me a minha mãe. Habituado que estou a espremer os objectos intelectuais em busca de sumo ético, confesso, aqui, que a minha dependência não tem fim. Mas, ainda assim, creio que o sentido de pertença é muito mais do que um álibi para ajustes de contas (bancárias). E a minha mãe sabe disso. E o meu pai também. E o meu irmão. E os avós. E a tia solteira.
*- O que antes era ímpeto, é agora método.
*- O que antes era ímpeto, é agora método.
2 comentários:
só não percebo como é que é a tua mãe que é avisada em relação a problemas numa conta tua. quanto ao resto é o que toda a gente sabe és um menino
sou um menino, sou. com direito a pilinha e tudo. quanto ao resto, a minha mãe é uma pessoa muito rica e os senhores do banco prestam-lhe a devida reverência. era isto que querias ouvir, certo?
Enviar um comentário