sábado, julho 05, 2008

Luxos do espírito

Sinceramente, ainda não consegui perceber. Quando olho para as coisas e estas me parecem densas, fundas, herméticas e enigmáticas não estarei apenas desorientado? Não estarei apenas tão ávido de tudo, ávido de ser cheio, não estarei apenas numa libertinagem da emoção? Talvez por isso, mesmo estando entupido de pessoas, planos e ideias eu continue a ser um lugar vazio. Onde tudo me parece um deserto de formas presentes onde invento a minha deslumbrada criação. Onde todas as noites posso inventar os sonhos, a mulher, as loucuras e as visões do mundo secreto onde desenho as oportunidades da minha ignorância. Onde me escondo, ferido, amargo, desprovido de mim próprio acariciando os pequenos mitos, iludindo assim a piedade repulsa com que me beija o interior da noite.

1 comentário:

Sónia Balacó disse...

Talvez, mas eu prefiro forçar-me a esquecer essa hipótese - de nada vale inquietar a própria da inquietação.