Bom, creio ter sido Rilke que escreveu que Deus tem mais paciência que força. Eu, muito humano nas minhas limitações, tenho mais força e nenhuma paciência. Sou um estóico suburbano nos meus gostos. Adoro andar com os phones e levar com uns balázios bem assentes nos tímpanos. Fui um skater muito razoável cheguei mesmo a sacar uns Nollies de fazer inveja. Jogo basquetebol com estilo e ainda mais eficiência. Fui ao Jubileu a Roma, mas sou o mais agnóstico dos ouvintes. Tomo banho todos os dias, mas não faço a barba que deixo demoniacamente crescer como se fosse um espelho da minha crise pessoal. Sou, portanto, um caso de estudo para os/as sonsos/as sociologizantes. Ainda assim, se levássemos até ao fim da linha esse seu argumento rapidamente concluiríamos que só poderíamos ter estrelas no firmamento. Caro/a, se procura aqui camadas de virtudes peço-lhe que se aplique com todo esse empenho a provar que Deus era marxista. Será uma tarefa bem menos ingrata, verá! Este blogue é apenas a minha mais bem sucedida aventura. A minha.
Ora, cá estamos, não é? Pois bem, um grande defeito que tenho é o facto de estar constantemente a justificar tudo o que faço ou digo. Bem sei que não preciso. Mas pareço aqueles miúdos que quando gostam de uma rapariga lhe respondem sempre com nervosas e longas dissertações. Mesmo há mesma pequena e simples pergunta.
Vamos por partes que hoje tenho tempo. No que concerne à falta de educação gostaria muito que a justificasse. Eu e a minha santa mãe, que não admite tal dislate sobre o seu hercúleo trabalho educacional. Quanto à arrogância, vejo-me obrigado a dar-lhe a senha e pedir-lhe que se dirija para o fim da fila. Como deve calcular, não é a primeira a atirar a dita pedra. Ainda assim, devo dizer em meu benefício que sou das pessoas mais afáveis que conheço. Há poucos a conseguir manter conversas de situação como eu. Tenho grande facilidade em ter conversas absolutamente desprovidas de interesse apenas para ocupar o tempo, transpor constrangimentos sociais, ou limitar-me a ser simpático. Que posso eu fazer? Nasci num ambiente aburguesado, já o confessei várias vezes. Não imagina, por isso, o tempo que consigo gastar no mais desinteressante dos tópicos.
No que diz respeito ao âmago da coisa, caríssimo/a, devo dizer-lhe que de facto o seu argumento é, no máximo da minha bondade, falacioso. Vir para aqui dizer que "alguém que denota a sua sensibilidade" não deve "contentar-se com estas «músicas»" é o expoente agudo de uma imbecilidade rara. Seria, passe o exagero da comparação, o mesmo que dizer ao Saramago: "olhe, acho que é uma pessoa muito sensível, mas não percebo como é que é comunista"; ou então inquirir o Lobo Antunes nos seguintes termos: "olhe, acho que é uma pessoa muito sensível, mas não percebo como é que é gosta de hambúrgueres"; ou então interpelar o Peixoto "acho que é uma pessoa muito sensível, mas não percebo como é que é tem tatuagens". Fiz-me entender?
Não percebo, melhor, não quero perceber, nem sequer levantar a mais leve ponta do véu que cobre o seu raciocínio (ou devo dizer preconceito?) Contudo, e para melhor poder alicerçar a sua tese, cedo-lhe pedaços da minha memória, onde vivem alguns episódios que, aos seus olhos, farão de mim um herege indigno da minha pretensa "sensibilidade". Cá vai: faltei à grande maioria das aulas do meu curso. Aliás, no 2º ano, devo ter ido a uma semana de aulas. Lembro-me também que, juntamente com mais 3 colegas de turma, faltava todas as 6f a partir de Abril para que pudéssemos ir para a praia na Corunha! E só quem para lá vai é que sabe porque é que para lá vai! Tive um desentendimento com um professor no meu 4º ano que só não chegou a vias de facto por que tenho um amigo que me guarda de mim próprio melhor do que ninguém! Bebo poucas vezes, mas quase sempre desmesuradamente! Cantei a "garagem da vizinha" num karaoke na Velha a Branca no passado S. João, é tenho uma redentora parcela de parolo. Como Caldo Verde e broa de milho. Vindimo. Já experimentei algumas substâncias ilícitas. Urino sentado como as mulheres. Sou capaz de estar dias sem fazer nada. Sou óptimo nesta arte. Aprecio a minha heterossexualidade várias vezes por dia no reflexo dos diversos corpos das muitas e bonitas mulheres que conheço. Jogo quase sempre em legítima defesa. And so on! Os soberbos não vão a lado nenhum. Eu, medíocre nas formas e principalmente no conteúdo, vivo muito de relações de causalidade.
esta confissão acentua apenas a ideia da existência como um peso, destinada apenas a dar continuidade à vida recebida dos meus pais.
Os Sick of it all tem uma frase que me resume "let's celebrate that we don't give a fuck"!
6 comentários:
vai perdoar-me, mas não percebo como é que alguém que denota a sua sensibilidade consegue contentar-se com estas "músicas"
Bom, creio ter sido Rilke que escreveu que Deus tem mais paciência que força. Eu, muito humano nas minhas limitações, tenho mais força e nenhuma paciência. Sou um estóico suburbano nos meus gostos. Adoro andar com os phones e levar com uns balázios bem assentes nos tímpanos. Fui um skater muito razoável cheguei mesmo a sacar uns Nollies de fazer inveja. Jogo basquetebol com estilo e ainda mais eficiência. Fui ao Jubileu a Roma, mas sou o mais agnóstico dos ouvintes. Tomo banho todos os dias, mas não faço a barba que deixo demoniacamente crescer como se fosse um espelho da minha crise pessoal. Sou, portanto, um caso de estudo para os/as sonsos/as sociologizantes. Ainda assim, se levássemos até ao fim da linha esse seu argumento rapidamente concluiríamos que só poderíamos ter estrelas no firmamento. Caro/a, se procura aqui camadas de virtudes peço-lhe que se aplique com todo esse empenho a provar que Deus era marxista. Será uma tarefa bem menos ingrata, verá! Este blogue é apenas a minha mais bem sucedida aventura. A minha.
Tu "dá-le"! E posso confirmar o que foi dito: joga basket pa caralho!
é mesmo típico! Não se pode obstar nada que ficam logo todos incomodados! Não era preciso ser mal criado e arrogante.
Ora, cá estamos, não é? Pois bem, um grande defeito que tenho é o facto de estar constantemente a justificar tudo o que faço ou digo. Bem sei que não preciso. Mas pareço aqueles miúdos que quando gostam de uma rapariga lhe respondem sempre com nervosas e longas dissertações. Mesmo há mesma pequena e simples pergunta.
Vamos por partes que hoje tenho tempo. No que concerne à falta de educação gostaria muito que a justificasse. Eu e a minha santa mãe, que não admite tal dislate sobre o seu hercúleo trabalho educacional. Quanto à arrogância, vejo-me obrigado a dar-lhe a senha e pedir-lhe que se dirija para o fim da fila. Como deve calcular, não é a primeira a atirar a dita pedra. Ainda assim, devo dizer em meu benefício que sou das pessoas mais afáveis que conheço. Há poucos a conseguir manter conversas de situação como eu. Tenho grande facilidade em ter conversas absolutamente desprovidas de interesse apenas para ocupar o tempo, transpor constrangimentos sociais, ou limitar-me a ser simpático. Que posso eu fazer? Nasci num ambiente aburguesado, já o confessei várias vezes. Não imagina, por isso, o tempo que consigo gastar no mais desinteressante dos tópicos.
No que diz respeito ao âmago da coisa, caríssimo/a, devo dizer-lhe que de facto o seu argumento é, no máximo da minha bondade, falacioso. Vir para aqui dizer que "alguém que denota a sua sensibilidade" não deve "contentar-se com estas «músicas»" é o expoente agudo de uma imbecilidade rara. Seria, passe o exagero da comparação, o mesmo que dizer ao Saramago: "olhe, acho que é uma pessoa muito sensível, mas não percebo como é que é comunista"; ou então inquirir o Lobo Antunes nos seguintes termos: "olhe, acho que é uma pessoa muito sensível, mas não percebo como é que é gosta de hambúrgueres"; ou então interpelar o Peixoto "acho que é uma pessoa muito sensível, mas não percebo como é que é tem tatuagens". Fiz-me entender?
Não percebo, melhor, não quero perceber, nem sequer levantar a mais leve ponta do véu que cobre o seu raciocínio (ou devo dizer preconceito?) Contudo, e para melhor poder alicerçar a sua tese, cedo-lhe pedaços da minha memória, onde vivem alguns episódios que, aos seus olhos, farão de mim um herege indigno da minha pretensa "sensibilidade". Cá vai: faltei à grande maioria das aulas do meu curso. Aliás, no 2º ano, devo ter ido a uma semana de aulas. Lembro-me também que, juntamente com mais 3 colegas de turma, faltava todas as 6f a partir de Abril para que pudéssemos ir para a praia na Corunha! E só quem para lá vai é que sabe porque é que para lá vai! Tive um desentendimento com um professor no meu 4º ano que só não chegou a vias de facto por que tenho um amigo que me guarda de mim próprio melhor do que ninguém! Bebo poucas vezes, mas quase sempre desmesuradamente! Cantei a "garagem da vizinha" num karaoke na Velha a Branca no passado S. João, é tenho uma redentora parcela de parolo. Como Caldo Verde e broa de milho. Vindimo. Já experimentei algumas substâncias ilícitas. Urino sentado como as mulheres. Sou capaz de estar dias sem fazer nada. Sou óptimo nesta arte. Aprecio a minha heterossexualidade várias vezes por dia no reflexo dos diversos corpos das muitas e bonitas mulheres que conheço. Jogo quase sempre em legítima defesa. And so on! Os soberbos não vão a lado nenhum. Eu, medíocre nas formas e principalmente no conteúdo, vivo muito de relações de causalidade.
esta confissão acentua apenas a ideia da existência como um peso, destinada apenas a dar continuidade à vida recebida dos meus pais.
Os Sick of it all tem uma frase que me resume "let's celebrate that we don't give a fuck"!
Cordiais saudações
Também tenho este àlbum já há algum tempo e gosto. A minha dúvida é: serei eu um ser insensível?:)
Bom trabalho
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