terça-feira, junho 03, 2008

a escala da sabedoria

"É verdade que a minha música se tem tornado cada vez mais despojada. Até se reduzir quase só a uma frase. Sinto necessidade de qualquer coisa rudimentar, fundamental. Actualmente, prefiro escrever sem nenhum instrumento, só com a minha voz. E estalando os dedos. Isso liberta-me da tirania do teclado ou da escala da guitarra. A perfeição é inimiga do bom. (...)"

"(...) Hoje em dia, é muito mais simples descobrir coisas, na minha opinião, simples de mais até. Sentamo-nos ao computador e podemos encontrar tudo o quisermos sobre qualquer artista. Há muito mais do que o necessário e não é preciso fazer nenhum esforço. Não digo que seja forçosamente mau. Mas, para criar, é necessário batermo-nos por isso, perdermo-nos, dissiparmo-nos. Ser músico é tentar invocar a sorte. Agrada-me muito a ideia de combater um inimigo invisível. Se, ao fim de um dia no estúdio, não estou de gatas e com os cabelos em pé, é porque a coisa não correu nada bem."

"Encontrei-me com o Bukowski uma ou duas vezes. Foi mais ou menos como quando conheci o Keith Richards, procurei enfrentá-los copo a copo. Mas, ao pé daqueles tipos, é-se sempre um principiante, uma criança. Estamos a beber com piratas de longo curso. É melhor esquecer tudo o que julgamos saber acerca de beber sem cair para o lado. Estava convencido que lhes podia dar luta mas, tanto com um como com o outro, nem lá perto cheguei. São feitos de outra massa. Parecem estivadores. Mas foi muito interessante."

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