terça-feira, maio 27, 2008

perder todo o tempo de que disponho

contigo. saber que o sangue pode latejar e que já não escrevo porque és forma materializada. palavra de carne e osso. beijo de lábios cheios e suor de sexo no meu corpo. golpe real nas veias gemido no meu ouvido corpo visível e ar que faz as coisas tremerem. torpor absolutamente necessário que me leva à exaustão dos sentidos. perder todo o tempo de que disponho contigo. acordar no limite do dia e já não reconhecer a beleza nem a grandeza nem o deserto das praias porque tudo permanece no teu poema agora carne aflita nas minhas mãos e no meu sono irrequieto. já não há o tempo em que me esquecia de existir. já não há ventos contaminados nem noites temidas nem reações violentas aos zumbidos interiores. nem ritmos nascidos do desespero a transformarem a minha vida num suplício e a morte num ciclo atravessado por um fio de luz que fende os meus olhos. habituei-me agora sem ficar com a respiração precária de outrora habituei-me sem perder lucidez nos ossos e força nas palavras habituei-me sem que ignorasse onde estou habituei-me e sei que sou vazio sem ti.

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