quinta-feira, maio 15, 2008

Corpos por entre estátuas

na suave aragem que varre os meus olhos permaneces tu e na minha ausência a memória de um caminho enlouquecido numa paisagem rente a um mar que expulsa os corpos de dentro dos corpos como se todos estivéssemos ligados por estrelas de aço. fomos um corpo numa cidade perdida na saliva nocturna e na invenção das insónias fomos um só corpo virado do avesso entranhas do outro vísceras do outro gotas derramadas do outro fomos cidade submersa segredo escondido na praia onde conhecemos a nossa solidão. fomos corpo exausto cansado no leito sempre acordado fomos corpo palpável de um amor perturbador fomos corpo debruçado sobre todas as pontes a esconder dentro dos olhos que nos vigiavam a fragrância rubra da infatigável vontade de morrer. fomos corpo terno e nesse corpo que fomos tocámo-nos como crianças desajeitadas que teimavam em esconder-se dentro uma da outra.

3 comentários:

Red disse...

escrita saramago... mas eu saramago ha muito que nao consegui ler, e isto le-se bem.. :)

A.S. disse...

será tomado como um elogio :-)

Red disse...

bem tomado :)