:P Fico contente por me achar com sentido de humor! Eu, por meu lado, admiro a capacidade que tem para construir textos tão belos! :)
Agora a sério, e consciente de que Paulo Coelho é literariamente pobre (ou nulo), não acha que poderá ser um tanto ou quanto um pré-conceito julgar que quem gosta de ler Paulo Coelho também gosta de ouvir Toy e afins? :)
E não entenda o meu texto como uma espécie de afronta, mas não pude deixar de o acabar com uma certa ironia...Espero somente uma troca de ideias salutar. :) Beijo*
olá. em primeiro lugar, aqui, como em qualquer outro lado, as pessoas tratam-me por tu, ok?
eu tentei fazer algum humor com a analogia. já vi que não fui bem sucedido... ultimamente tem sido assim... :-)
bom, o que realmente me interessa dizer é que o paulo coelho está para os livros (peço-te desculpa, mas não vou chamar literatura àquilo que ele escreve) como o toy para a música. são ligeiros. contudo há entre estes dois fenómenos uma diferença, para mim, claro. Não reconheço o carácter lúdico da literatura, já o disse aqui várias vezes. não sou apologista da máxima "o que interessa é ler", para isso leiam o record e a bola. sempre é melhor. uma altura fiz isso com uns alunos meus. há um cronista do record, chamado rui dias, que escreve muitíssimo bem, com requinte quase literário. pois bem, foi isso que eles andaram a ler. juntei quase 70 crónicas dele e aposto que aprenderam mais com aquele jornalista do que com 1000 p. coelhos. voltando à música. a música, por mais erudita que seja, acarreta sempre esse lado de um menor compromisso intelectual. porque efectivamente desperta reacções diferentes daquelas que cabem à literatura. mas ainda assim não faz sentido que um aluno do conservatório, por exemplo, tenha aulas de iniciação estudando a música do emanuel, certo? então porque raio deve ser diferente com a literatura? só porque as pessoas pensam que por saberem juntar letras adquirem a capacidade para ler?
mais, o toy já afirmou que faz aquele tipo de música porque vende muito e as pessoas gostam. é justo e não tenho nada contra. aliás cantalorei meses a fio o "chama o antónio"... :-) também aqui p. coelho diverge de toy. tal como margarida rebelo pinto, p. coelho acha que é um grande escritor. já li uma entrevista dele em que afirma que joyce e hesse são ilegíveis. dá-me pena. p. coelho é uma espécie de taróloga dos livros. frases feitas e mal acabadas que se adaptam aos pesares de qualquer pessoa, às vicissitudes da vida e tudo quanto é cliché.
eu encaro a literatura como um passo adiante na minha vida. a literatura que nos faz crescer, não pode ser aqueles rascunhos mal grafados que vemos nos tops da livrarias. porquê? por uma razão muito simples: aquilo que ali está é a cópia da nossa vida. dos encontros de desencontros triviais que acontecem a todos nós. o amor telenovelesco, os romances de vão de escada insalubres e vulgares, os diálogos rançosos. acho que não podemos acreditar que vivemos a nossa vida em plenitude e que ela se resume àquelas transcrições pornográficas (sim, aquilo é que é pornografia). a literatura é mais do que isso. é muito mais do que qualquer um de nós. seria de uma enorme arrogância acharmo-nos e à nossa vida tão especiais que merecessem um livro. mais, se aqueles livros vendem tanto, não te parece que se as pessoas parassem para pensar veriam este paradoxo: eu sou especial porque me revejo neste livro, mas ao mesmo tempo, milhões de pessoas também o fazem. então, toda a gente padece dos mesmos males que eu? todos se revêem nas mesmas frases? nos meus locais? nos meus silêncios? afinal, o meu amor é uma merda porque é igual a todos os outros. não te parece? onde é que esta então a "especialidade" deste nosso amor? a não ser que as pessoas queiram isso mesmo: ser iguais num país de iguais. temos de procurar o amor, sempre. mas o nosso e não o convencional. e isso custa. muito. sai-nos da pele, do suor das noites mal dormidas, da angústia toldada pelo desespero. o que importa é que a literatura nos abra horizontes e nos mostre o que está para lá das palavras ao mesmo tempo que nos puxa para elas. confuso? pois é...
só li um livro do p. coelho, o monte cinco. custou-me a acabar de o ler, acredita. nunca li nada da m. rebelo pinto, já folheei rita ferro e mais uma stidwell ou lá o que é. podem dizer-me que não tenho um leque suficientemente alargado para poder ser crítico. refuto essa ideia com uma máxima que se usa quando nos queremos referir ao verdadeiro mestre dos labirintos do amor, jorge luis borges, "basta um verso para percebermos a sua genialidade". ali basta uma frase para percebermos o belo pedaço de merda que nos estão a dar.
os projectos de p. coelho e afins têm por único "mérito" o logro. descobriram uma mina de ouro e usam-na o mais que podem. tem uma qualquer fórmula e repetem-na constantemente.
o que é lamentável nestes "escritores" é a sua mediocridade. e é por isso que vendem tanto, porque nós somos na nossa vasta maioria pessoas banais, medíocres, simétricas e repetitivas. os livros deles são o reflexo disso mesmo. versões ramelosas do verdadeiro amor. é só isso.
mas esta é a minha opinião. não gosto de incutir as minhas opiniões aos outros. não sou um purista que na vida real põe rótulos às pessoas por aquilo que vestem, lêem, ouvem, comem... tenho uma avó que admiro como a poucos que praticamente analfabeta. conheço eruditos que são autênticas bestas. enfim, não julgo as pessoas por isso. só acho que devemos fazer tudo para não nos deixarmos enganar. e para isso é preciso sofrer e lutar muito.
2 comentários:
:P
Fico contente por me achar com sentido de humor! Eu, por meu lado, admiro a capacidade que tem para construir textos tão belos! :)
Agora a sério, e consciente de que Paulo Coelho é literariamente pobre (ou nulo), não acha que poderá ser um tanto ou quanto um pré-conceito julgar que quem gosta de ler Paulo Coelho também gosta de ouvir Toy e afins? :)
E não entenda o meu texto como uma espécie de afronta, mas não pude deixar de o acabar com uma certa ironia...Espero somente uma troca de ideias salutar. :)
Beijo*
olá. em primeiro lugar, aqui, como em qualquer outro lado, as pessoas tratam-me por tu, ok?
eu tentei fazer algum humor com a analogia. já vi que não fui bem sucedido... ultimamente tem sido assim... :-)
bom, o que realmente me interessa dizer é que o paulo coelho está para os livros (peço-te desculpa, mas não vou chamar literatura àquilo que ele escreve) como o toy para a música. são ligeiros. contudo há entre estes dois fenómenos uma diferença, para mim, claro. Não reconheço o carácter lúdico da literatura, já o disse aqui várias vezes. não sou apologista da máxima "o que interessa é ler", para isso leiam o record e a bola. sempre é melhor. uma altura fiz isso com uns alunos meus. há um cronista do record, chamado rui dias, que escreve muitíssimo bem, com requinte quase literário. pois bem, foi isso que eles andaram a ler. juntei quase 70 crónicas dele e aposto que aprenderam mais com aquele jornalista do que com 1000 p. coelhos. voltando à música. a música, por mais erudita que seja, acarreta sempre esse lado de um menor compromisso intelectual. porque efectivamente desperta reacções diferentes daquelas que cabem à literatura. mas ainda assim não faz sentido que um aluno do conservatório, por exemplo, tenha aulas de iniciação estudando a música do emanuel, certo? então porque raio deve ser diferente com a literatura? só porque as pessoas pensam que por saberem juntar letras adquirem a capacidade para ler?
mais, o toy já afirmou que faz aquele tipo de música porque vende muito e as pessoas gostam. é justo e não tenho nada contra. aliás cantalorei meses a fio o "chama o antónio"... :-) também aqui p. coelho diverge de toy. tal como margarida rebelo pinto, p. coelho acha que é um grande escritor. já li uma entrevista dele em que afirma que joyce e hesse são ilegíveis. dá-me pena. p. coelho é uma espécie de taróloga dos livros. frases feitas e mal acabadas que se adaptam aos pesares de qualquer pessoa, às vicissitudes da vida e tudo quanto é cliché.
eu encaro a literatura como um passo adiante na minha vida. a literatura que nos faz crescer, não pode ser aqueles rascunhos mal grafados que vemos nos tops da livrarias. porquê? por uma razão muito simples: aquilo que ali está é a cópia da nossa vida. dos encontros de desencontros triviais que acontecem a todos nós. o amor telenovelesco, os romances de vão de escada insalubres e vulgares, os diálogos rançosos. acho que não podemos acreditar que vivemos a nossa vida em plenitude e que ela se resume àquelas transcrições pornográficas (sim, aquilo é que é pornografia). a literatura é mais do que isso. é muito mais do que qualquer um de nós. seria de uma enorme arrogância acharmo-nos e à nossa vida tão especiais que merecessem um livro. mais, se aqueles livros vendem tanto, não te parece que se as pessoas parassem para pensar veriam este paradoxo: eu sou especial porque me revejo neste livro, mas ao mesmo tempo, milhões de pessoas também o fazem. então, toda a gente padece dos mesmos males que eu? todos se revêem nas mesmas frases? nos meus locais? nos meus silêncios? afinal, o meu amor é uma merda porque é igual a todos os outros. não te parece? onde é que esta então a "especialidade" deste nosso amor? a não ser que as pessoas queiram isso mesmo: ser iguais num país de iguais. temos de procurar o amor, sempre. mas o nosso e não o convencional. e isso custa. muito. sai-nos da pele, do suor das noites mal dormidas, da angústia toldada pelo desespero. o que importa é que a literatura nos abra horizontes e nos mostre o que está para lá das palavras ao mesmo tempo que nos puxa para elas. confuso? pois é...
só li um livro do p. coelho, o monte cinco. custou-me a acabar de o ler, acredita. nunca li nada da m. rebelo pinto, já folheei rita ferro e mais uma stidwell ou lá o que é. podem dizer-me que não tenho um leque suficientemente alargado para poder ser crítico. refuto essa ideia com uma máxima que se usa quando nos queremos referir ao verdadeiro mestre dos labirintos do amor, jorge luis borges, "basta um verso para percebermos a sua genialidade". ali basta uma frase para percebermos o belo pedaço de merda que nos estão a dar.
os projectos de p. coelho e afins têm por único "mérito" o logro. descobriram uma mina de ouro e usam-na o mais que podem. tem uma qualquer fórmula e repetem-na constantemente.
o que é lamentável nestes "escritores" é a sua mediocridade. e é por isso que vendem tanto, porque nós somos na nossa vasta maioria pessoas banais, medíocres, simétricas e repetitivas. os livros deles são o reflexo disso mesmo. versões ramelosas do verdadeiro amor. é só isso.
mas esta é a minha opinião. não gosto de incutir as minhas opiniões aos outros. não sou um purista que na vida real põe rótulos às pessoas por aquilo que vestem, lêem, ouvem, comem... tenho uma avó que admiro como a poucos que praticamente analfabeta. conheço eruditos que são autênticas bestas. enfim, não julgo as pessoas por isso. só acho que devemos fazer tudo para não nos deixarmos enganar. e para isso é preciso sofrer e lutar muito.
pronto. é tudo que me ocorre.
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