quarta-feira, maio 09, 2007

Falhar a vida.

Habitualmente perco os sentidos. Acordo sem me lembrar de ter chegado a casa ou de como cheguei ao sítio em que me encontro no momento em que decido abrir os olhos. Enfim, parece-me que estou a ser demasiadamente poético. Normalmente só acordo quando o cheiro do meu vomitado se torna insuportável. A realidade é esta. Hoje, foi diferente. Acordei de manhã, de ressaca, mas limpo. Senti as minhas costas a tocarem em alguém. Como sempre estranhei. O quarto e a cama também me eram estranhos. As paredes estavam imaculadas, os perfumes organizados e a roupa espalhada era apenas a minha. Havia livros perfeitamente acumulados numa prateleira milimetricamente colocada por cima de uma televisão. Levantei-me. Olhei-a e ri-me. Acabei por foder uma gaja rica, ou pelo menos civilizada. - pensei eu. Já quase que me tinha esquecido que há pessoas que vivem muito bem. Já me tinha esquecido que há pessoas diferentes de mim. Quando se vive como eu vivo, facilmente se pensa que é a mesma merda em todo o lado. Vi o quarto de banho e fui para lá. Enquanto bebia litros de água da torneira ela acordou. Chamou-me. Ei, já te lembras do teu nome? Sim, mas isso interessa? Não, disse ela enquanto gatinhava por cima da cama direitinha a mim. Começou a acariciar-me. Mal sabia ela que me doia tanto o estômago que só o simples facto de estar teso me fazia ficar com vontade cagar. A muito custo lá fodemos. Pela manhã, como as gajas como ela gostam. A ouvir o mar, dizia ela. Estava mesmo mal disposto, fora de forma. Tive quase para cair para o lado e desistir. Mas a gaja estava tão entusiasmada que tive mais pena dela do que de mim. Empenhei-me o mais que pude. Para compensar alguma falta de ritmo, disse-lhe coisas que os namorados dizem às namoradas quando querem sexo. Ela era magra, tensa e esquisita, mas, ao mesmo tempo, sedutora. Gemeu, finalmente. Aposto que mais pelo ambiente do que pela minha prestação. São completamente doidas estas gajas. Soubesse ela o esforço a que me submeto de cada vez que quero foder. Uma altura disse isso a uma amante. Ela perguntou-me porque é que então eu queria foder se me causava assim tanta dor e sofrimento. Disse-lhe que o fazia porque era de graça. Eu não me vinha. Ao fim de dez minutos percebi que não valia a pena continuar. Ficou incrédula, ofendida mesmo, e foi tomar banho. Pacientemente, ainda tentei dizer-lhe que talvez se ela quisesse por sua iniciativa dar-me prazer que talvez eu conseguisse atingir um orgasmo. Mas não. Para estas gajas o sexo é patriarcal. O homem é que tem de dar prazer à mulher e a si próprio. Não se mexeu uma única vez, limitou-se a atrapalhar os meus movimentos e depois ainda fica escandalizada. Esta quase-foda fora um exemplo perfeito das relações amorosas. Não importa o que elas fazem, nós, os homens, é que acabamos sempre sozinhos e loucos. Todo eu era suor naquele momento. Suor e dor. Não havia ventoínhas naquela casa. Os meus músculos estavam todos contraídos, mas já não havia nada a fazer. Estava tanto calor que todo o meu corpo eram pequenas bolhas que desciam e subiam. Comecei a tremer. Vesti-me e fui ao quarto de banho fazer de conta que me penteava. Na verdade, queria apenas ver se dava tempo de sair sem que ela me visse.

10 comentários:

Anónimo disse...

Monhé...hum...eu...hum...bem...oh pah...sempre gostei de ti pah...mas...a serio, o q vem a ser isto????tu monhé, o gajo mais rude do mundo a escrever (contar) estas cenas??tou um pouco confuso...precisas de ajuda?precisas de falar?...monhé, monhé...

Anónimo disse...

O Monhé safou-se! ZIMBAAAA... ;)

É isso grande Monhé! Espero é k apesar de n t lembrares do nome tenhas usado protecção... E não m refiro a caneleiras...


Abraço

A.S. disse...

A ver se nos entendemos.

Até me sinto mal de estar a dizer isto, mas, meus benévolos contudo iludidos amigos, o que aqui escrevo é ficção. Peço desculpa pela desilusão. Logo agora que vocês me tinham como animal sexual que atravessa as veredas da noite numa incessante germinação. Digamos que são os meus traços adormecidos, murmúrios do coração. Uma espécie de recordação dos mortos. Percebem?

Volto a repetir: eu não sou rude. Sou apenas uma pessoa com instintos metálicos e intestinos leves e por vezes reajo mal em algumas dessas manifestações de afecto social. A compreensão desses fenómenos escapa-me e honestamente não me importo NADA com isso.

Por fim, meu caro amigo e futuro Dr. Phil, acredite que identifico o meu grande mal. É uma espécie de torpor malicioso que me rouba, dia após dia, o ténue "filamento de âmbar" que me une à vida.

hasta!

Sónia Balacó disse...

E quem é que quer saber de que lhe estejam a roubar «o ténue "filamento de âmbar"» que une à vida se o resultado são textos destes?

=)

Anónimo disse...

Uma queca fictícia n necessita protecção....

Anónimo disse...

formidable!

Anónimo disse...

Ias pentear o quê pah? Não tens muito para pentear...

A.S. disse...

Bale, como a história é minha, imaginei que era uma espécie de reencarnação capilar do vocalista dos "zz top". :-)

Já agora, o facto de seres tu a fazer essa observação tem muito (ou pouco) que se lhe diga, não achas? :-) Daqui a pouco vem cá o melão dizer de sua justiça. :-)

Anónimo disse...

E pronto...fala se de sexo e ha logo animação no blog do monhé...e eu percebi que era uma ficção da tua autoria caro amigo, pois era impossivel ser verdade, por diversas razões, entre as quais a questão de tu fingires q te penteavas...imagem bonita.quase tão bonita como a da vontade de cagar e ter que foder ao mesmo tempo...poético!
ah, o melão é gay.

Anónimo disse...

pronto, pega lá: 10 comentários.