Já há muito que sou um leitor assíduo de blogues. Como as mulheres de Martinho da Vila, eles são de todas as cores, credos e ideais. Descobri alguns que me prenderam horas a fio. Li comentários passados – alguns tão velhinhos que já nem se seguravam em pé –, procurei informações sobre os moderadores dos blogues, entre outras coisas que um desocupado mental faz.
A escolha dos mesmos não respeitava nenhum critério em especial. Ia abrindo indiscriminadamente alguns dos que me apareciam pela frente. Lia comentários de comentários e assim fui encontrando alguns lugares. Havia apenas uma coisa que me despertava a curiosidade. O nome do blogue. Um nome sugestivo era motivo de uma inspecção.
Descobri que todos os blogues são, um pouco, pelo menos, pretensiosos. Todos achamos que seremos lidos com muita atenção e que a nossa opinião será alvo de grandes elogios, ou quem sabe figurar na FHM… É que na Internet parece fácil sermos intelectuais e discursarmos sobre qualquer matéria. Basta um clique na wikipédia e estamos aptos a defender uma tese sobre um assunto que mal conhecemos.
Bem, voltando aos nomes. Há imaginação para tudo. Temos nomes cómicos, eróticos, filosóficos, desportivos, políticos, humorísticos, laudatórios, poéticos (pseudo-poéticos, como o meu…), enfim uma parafernália de temas estão subjacentes a um título.
Como em tudo, temos as nossas preferências. Eu prefiro este. Narcisicamente. Habituei-me a comentar no blogue de alguém que não conheço. Estranho. Conhecendo-me, insólito, no mínimo.
Era este o título que eu queria. Não era Narciso. Nem Narcísico. Era Narcisicamente, mesmo. É irrepreensível. Para além de ter escolhido um nome que conota para um dos mais estudados, discutidos e amados mitos da antiguidade, a autora escolheu um advérbio de modo para dar nome ao seu refúgio. Perfeito. E, como se isto já não bastasse, é um dos blogues mais interessantes que conheço. Estupendo. Podemos interpretar o advérbio de várias maneiras. Narcísica-mente. É uma mente narcísica, que se procura a si própria. Que se procura conhecer no que de si há de mais intrínseco e recôndito. Ou, então, levar pelo caminho mais convencional. Os blogues não são mais do que uns carinhos que fazemos ao nosso umbigo. Exacto. Estamos a falar a nós próprios. Falamos de nós próprios. Com outros, mas nem sempre. Os blogues são uma espécie de chocolate quente para o ego de quem escreve. Bom, chega de panegírico.
A autora do blogue. Gira e, pelo que dá a mostrar, culta. Descobri o seu "canto narcísico" já não sei onde, nem como. Honestamente. Não me recordo. Mas estas descobertas fazem-se assim. É o tempo que transforma tudo em Tempo.
Obviamente, o Narcisicamente é um dos blogues menos pretensiosos que conheço.
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3 comentários:
tu n tens trabalho?? O monhé tem uma personalidade hilota.
Vim parar a este post através do Technorati e nunca te perguntei uma coisa: como raio descobriste que eu era eu? =)
Se bem me lembro, descobri o teu blogue a propósito de um post teu sobre numerologia ou qq coisa do género, mas eu não fazia a mais pálida ideia de que "tu eras tu"... para mim eras apenas alguém com um bom blogue, apesar do panegírico à numerologia :-). Depois, mesmo antes de ter um blogue, comecei a comentar com alguma frequência (lembro-me de um post que deu muita polémica, por causa de uma vírgula que faltava numa campanha publicitária qq em que tu "malhavas" nos copys...) no teu espaço e interessei-me por quase tudo o que escrevias. a determinada altura - naquele programa da maxmen Tv - aparecias tu (confesso que não sabia quem eras) e o voz-off disse que tinhas um blogue e deu a entender ainda que sub-repticiamente que o nome do blogue era narcisicamente... Ora, s.b. é, para além de Samuel Beckett ou Super Bock, a sigla de Sónia Balacó... Batia certo! Depois foi só reparar melhor em algumas fotos que colocas esporadicamente no blogue, juntar 1+1 e, pronto, fez-se luz! :-)
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